Blog

O que faz um cirurgião bucomaxilofacial?

A cirurgia e traumatologia Bucomaxilofacial, é a especialidade que trata clinica ou
cirurgicamente as doenças da cavidade bucal, face e pescoço (conforme a área
demonstrada na figura acima).
O cirurgião bucomaxilofacial (BMF) tem a formação odontológica, no Brasil, ou seja é
preciso ter a formação em Odontologia e residência e/ou especialização em cirurgia
BMF, para poder exercer está função e atuar em todas as estruturas anatômicas desta
região (ossos, músculos, glandulas, dentes, ligamentos e articulações), pois estas
estruturas tem relação direta no desenvolvimento da face e dentes.
Dentre as doenças que podem surgir que o cirurgião BMF trata a nível hospitalar,
existem os tumores benignos e malignos, grandes cistos dos maxilares, as doenças
provocadas por fungos, vírus, e manifestações associadas a doenças sistêmicas como
AIDS, tuberculose, sífilis entre outras.

Os traumas que geram cortes nas mucosas intra-orais e pele; fraturas do nariz,
mandíbula, osso zigomático, maxila, bem como cirurgias para reconstrução do osso
perdido nos maxilares, tais como enxertias grandes são outras possibilidades. Sequelas
de doenças como o câncer, dos traumas severos, ou distúrbios do desenvolvimento,
como as síndromes ou as próprias alterações do desenvolvimento como o prognatismo
(aumento dos maxilares), micrognatismo (diminuição dos maxilares), assimetrias ou a
combinação delas.
Pacientes que apresentam dores faciais ou distúrbios da ATM (Articulação Temporo-
Mandibular), que geram cefaléias (dores de cabeça sem motivo aparente), bem como
processos infecciosos agudos e crônicos.

Quem sofre de apnéia obstrutiva do sono e/ou ronco, tambem podem ser tratados
através da cirurgia BMF.

Diversos procedimentos menores são ser realizados no dia a dia da clinica, que
incluem as exodontias (extração de dentes) exodontias de dentes não irrompidos, ou
que não se desenvolverem ou não se acomodaram na arcada. A remoção de pequenos
cistos do complexo maxilo-mandibular. Os tumores de pequenas proporções, nos
tecidos duros, moles ou oriundos de glândulas salivares, aumento de volume nas
gengivas, ou dos tecidos adjacentes.
Correções cirúrgicas de tecidos duros e moles para adaptação de próteses, implantes
osteointegrados,

Pequenos enxertos ósseos também estão entre gama de cirurgias ditas menores.

Estes procedimentos específicos e através dos conhecimentos no controle da dor, o
cirurgião oral e maxilo-facial é capaz de prover cuidados de qualidade, com um
máximo de conforto e segurança tanto em hospital, ambulatório ou na clínica
particular.

Cirurgia Ortognatica
Em um passado recente a indicação da cirurgia Ortognática restringia-se as
deformidades dento-faciais severas. Podemos atribuir isso a: 1- falta de materiais e
técnicas adequadas (que hoje em dia, tornaram este procedimento seguro e
previsível); 2- um verdadeiro conhecimento sobre os limites da Ortodontia; 3- a
ignorância dos benefícios funcionais e estéticos que o posicionamento tridimensional
correto todos maxilares trás ao paciente.
Com os avanços atuais e a constatação dos benefícios que a cirurgia
Ortognática pode trazer ao paciente portador de deformidade dento-facial, criou-se
um protocolo onde o planejamento atual visa alcançar a F.A.B. (Face – Airways – Bite),
ou seja, reposicionar os ossos da face do paciente de modo a melhorar sua estética
facial (Face); melhorar a qualidade na respiração (Airways); e obter uma oclusão dental
perfeita, mantida pelo movimento condilar adequado com estes condilos devidamente
posicionados na cavidade articular (Bite). Assim, saímos de um conceito de reabilitação
onde o único objetivo era encaixar dentes (muitas vezes com inclinações dentais não
ideias e instáveis, que ficavam sujeitos a doença periodontal), para uma filosofia que
busca uma oclusão adequada, dentes estáveis, bem posicionados, preservado o
espaço entre a língua e parede posterior da faringe, melhora da permeabilidade das
vias aéreas e melhora estética do paciente, obtendo assim um aumento na auto-
estima, tão valorizada nos dias de hoje.

A cirurgia Ortognática nada mais é do que uma das muitas maneiras de fazer uma
reabilitação oral, através de manobras cirúrgicas nos ossos da face. Para isso deve-se
preparar a boca e a oclusão dental antes de submeter o paciente a cirurgia
propriamente dita. A integração entre as especialidades odontológicas, Ortodontia e
cirurgia BucoMaxiloFacial, deve estar afinada e os profissionais devem juntos discutir e
estabelecer o diagnóstico, planejamento, plano e tempo deste tratamento. A falta de conhecimento dos próprios colegas dentistas e ortodontistas, depõe contra a divulgação destes benefícios que podemos alcançar com o tratamento ortodontico-cirúrgico das deformidades dento-faciais, fechando o leque de pacientes que podemosabsorver com o que oferecemos na nossa pratica clinica- cirúrgica do dia a dia.
A nova realidade deste tratamento aumenta significativamente as possibilidades e indicações para cirurgia Ortognática, pois fatores importantes como a estética facial e a função respiratória, vistos antigamente como uma consequência ao acaso do procedimento cirúrgico, passam a ser controladas e fazer parte do planejamento global do procedimento. Ao mudarmos este paradigma, podemos
absorver muitas queixas do paciente e como exemplo uma queixa estética pode ter um papel decisivo na indicação da cirurgia Ortognática, bem como pacientes classe I com falta de exposição de incisivos ou excesso vertical de crescimento de maxila; pacientes assimétricos, seja assimetrias verticais ou antero-posteriores; pacientes com queixas de ronco e apnéia do sono, mesmo tendo uma oclusão satisfatória podem necessitar do tratamento cirúrgico por apresentar biretrusão maxilo-mandibular, podem se beneficiar do procedimento. A visão da nossa classe e da sociedade sobre a Odontologia passa de um conceito de “médicos” dos dentes para a posição de reabilitadores, não orais, mas orofaciais.

Leave a Comment